Nem todo caminhar é jornada. Nem toda entrada é iniciação.
A Porta do Templo é mais do que uma entrada física. Ela é o primeiro grande símbolo com o qual o Iniciado se depara ao buscar a Luz. Representa o limiar entre dois mundos: o mundo profano, regido por vaidades, ilusões e aparências, e o mundo maçônico, construído sobre silêncio, trabalho, reflexão e aperfeiçoamento.
Todo caminho começa com um passo consciente.
Na Maçonaria, cada gesto tem significado. Nenhuma etapa é vazia. O simples ato de se colocar diante da porta é, por si só, uma escolha consciente: a de sair da ignorância voluntária e caminhar em direção ao conhecimento e à responsabilidade que ele impõe. Entrar no Templo é comprometer-se com um processo contínuo de autoconhecimento e lapidação interior.
Essa entrada exige respeito, humildade e vontade de aprimoramento, porque não se pisa impunemente num solo sagrado.
O respeito nasce da compreensão de que se está diante de um espaço consagrado ao estudo da ética, da moral e do espírito. A humildade é necessária porque o maçom reconhece que a sabedoria não se impõe — ela se conquista com esforço e silêncio. E o desejo de aprimoramento é o combustível que move a jornada maçônica, pois ninguém é iniciado pronto: somos todos pedras brutas em busca de forma e sentido.
Do lado de dentro, não há grades, apenas trabalho. Não há dogmas, mas símbolos.
Não há promessas, apenas o compromisso com a verdade.
Ao passar pela Porta do Templo, não se muda apenas de ambiente — muda-se de postura, de intenção e, com o tempo, de consciência.
Cruzando a porta, o profano deixa de ser espectador da vida e passa a ser construtor de si mesmo. O Templo representa a construção invisível do ser. Cada Sessão é um ato simbólico de edificação pessoal. Cada símbolo é uma ferramenta para moldar a própria alma.
Por isso, a Porta do Templo é mais do que o começo. Ela é um compromisso.
Um chamado silencioso para quem deseja, de fato, tornar-se um homem melhor — não para o mundo ver, mas para a própria consciência reconhecer.
Antes de abrir qualquer porta externa, pergunte-se se a interna está pronta para ser cruzada.
Porque é lá dentro que a verdadeira Maçonaria começa.
Um comentário
Excelente peça de arquitetura.